segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

ENTRE O RIO OU ROMA

A Cesare o que é de Battisti

Não é preciso ser doutor em filosofia, religião ou em qualquer outro ramo do saber humano, para compreender que, quando erramos, devemos sempre esperar pelas consequências do nosso erro. A lei da causa e do efeito é tão natural que soa estranho quando algumas pessoas a utilizam como se fosse um privilégio exclusivo de sua forma de compreender a vida ou da crença que professam. Na verdade não se trata de uma lei específica da física, da química ou da matemática. É uma lei que obedece ao todos os princípios existentes na lógica do funcionamento da natureza e da vida. Analisemos uma lei bem simples: quem planta, colhe.
Essa é uma lei óbvia que segue o princípio da recompensa. Um agricultor seria insano se esperasse colher os frutos da terra sem ter providenciado antes a semeadura. O Brasil, sob a suprema vontade do ex-Presidente Lula, quer subverter essa lógica, impedindo que Cesare Battisti colha o que semeou, há muitos anos, na Itália.
Battisti e seu grupo, os Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), assassinaram, na Itália, quatro pessoas na década de 70, tendo sido condenado à prisão perpétua pela Justiça italiana.
Após 10 anos escondido na França, veio para o Brasil em 2004, por ter o governo francês decidido por sua extradição. Preso aqui, desde então, o caso do terrorista (na Itália) e ativista (denominação conferida a Battisti pela imprensa brasileira) tem-se arrastado em um rio de idas e vindas judiciais, em face do pedido feito pela Itália ao Governo brasileiro e a recusa deste em atender ao pedido de extraditar o condenado italiano.
O leitor, atento e inteligente que é, já percebeu que a linha de raciocínio deste artigo seque a lógica do senso comum. Ou seja, se alguém cometeu um crime, tem que pagar por ele. Seja aqui, na China ou na Conchichina.  Pois bem,  o grande “xis” da questão e que pode gerar uma grave crise diplomática com sérias consequências nas relações políticas e econômicas entre a Itália e o Brasil, é que as autoridades dos dois países divergem sobre a natureza dos crimes cometidos por Cesare Battisti.
Lá, ele é um terrorista, um  assassino e fugitivo da justiça. Aqui, trata-se de um ex-terrorista, transformado em ativista, e escritor  perseguido por ter cometido um crime político.
Por mais irracional que pareça, para as autoridades brasileiras, leia-se Lula, pouco importa que Cesare Battisti tenha matado quatro pessoas, direta ou indiretamente, puxando o gatilho ou sendo coautor, acobertando, vigiando. Importa menos ainda que hoje, na Itália, familiares dos mortos sofram absurdamente por saber que o assassino de seus queridos corre o risco altíssimo de viver o resto de seus dias sob o sol dos trópicos, admirando as belas mulheres cariocas e escrevendo um livro, talvez com o título Como matar e viver feliz sob o sol de um país abençoado por Deus e bonito por natureza
E toda a serenidade de Lula ao negar a extradição de Battisti reside na convicção de nosso ex-presidente de que Cesare é um perseguido político. Aliás, o que é ser um criminoso político? Porque a expressão preso político indica que alguém está privado de sua liberdade por ter praticado um crime sob motivação política. Assassinar um presidente, um deputado, um  rei, é um crime político. E como se trata de um crime que envolve altos ideais, desses que querem subverter toda uma ordem estabelecida, deve ser analisado sob o prisma da ideologia, certo? No caso em questão, certíssimo.
Não é nenhum absurdo admitir que muitos membros do governo brasileiro conheçam a trajetória pessoal de Battisti. Pelo contrário, é de se esperar que vários membros da nossa esquerda o tenham na conta de um herói, admirando-o como exemplo de “ativista” capaz de levar às últimas conseqüências suas nobres e sinceras motivações revolucionárias.
Romantismos à parte, nossos líderes esquerdistas parecem nutrir um sentimento de desprezo à vida e aos direitos humanos, quando teimam em defender a anistia e a liberdade de um indivíduo que, livre, optou por ceifar vidas em nome de ideais que os livros de História não cansam de registrar como sendo o produto da mais pura e superior forma de violência: a que promove a barbárie em nome da Humanidade e opta pelo sadismo em negação à vida. Ideologia, eu quero uma pra poder matar...
        Seria Lula um bárbaro sádico? A História dirá...

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