sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

POEMA-CANTO

Esse é o meu poema-canto,
que exprime a dor,
O riso, o gozo e o espanto,
De estar abismado, num instante lúcido,
Apropriado de um sentimento maiúsculo de perda
Na satisfação de ter no menor anelo
Um sonho, uma busca por algo que me complete
Aquilo que nunca me chega,
Na alegria que jamais tive,
No amor que sequer ousei nutrir
Ou dele ser objeto, porquanto
Em mim, no centro disso que chamam Homem,
Inexiste afeto ou prazer ou satisfação
Em despir-se para ser visto
Pela pureza de outros olhos,
Julgado pela precisão de outras consciências,
Admirado por nobres almas
Ou condenado por inimputáveis mãos.
Esse ainda é o meu poema-canto
Que busca a tortura, a volúpia
E o ímpeto que dão a um santo
A exata noção de sua fraqueza
O perfeito sentido à sua busca
E o fazem delirar sob a forte exatidão do Nada.
Não há nessa angústia humana,
Expressa na ausência e na insatisfação,
Qualquer lógica que justifique
A palavra, o olhar ou o grito
E sequer permite ao aflito
Qualquer esperança de anular
O profundo e algoz sentimento
Que habita em sua alma desolada!

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