quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

VELHO OESTE NÃO, VELHO PARÁ!


Raifran das Neves, na chegada dos acusados em Belém. Foto: Sidney Oliveira
 O site Weak Leaks revela relatório do governo americano que descreve o Pará como uma terra sem lei, distante e pouco povoada. A morte da missionária Dorothy Stang motivou o relatório com tal descrição de nosso Estado. Na verdade, muito da violência presente no Estado deve-se à guerra de interesses entre os grandes grupos econômicos e a parcela da população que depende exclusivamente da terra para sua sobrevivência.

Daí nascem os confrontos entre as grandes empresas do setor mineral, do agro-negócio, e os moradores das áreas envolvidas nas atividades econômicas dos grupos. Ribeirinhos, indígenas e, sobretudo, trabalhadores rurais, formam o grosso da população que vive em constantes conflitos com os projetos econômicos daquelas empresas.

A posse da terra, sobretudo a partir dos grandes projetos agrícolas, assim como a extração de madeira, seja para a exportação seja para a criação de pastos, tem sido o ponto-chave dos conflitos agrários no Estado.

Foi nesse contexto que ocorreu o assassinato da missionária Dorothy Stang. Ela atuava desde o ano de 1985 junto aos camponeses de Anapu, sudoeste do estado, contra a grilagem e a extração ilegal de madeiras na região. A defesa intransigente da floresta e dos camponeses, suscitou a ira dos fazendeiros contra a missionária americana, assassinada com seis tiros em 2005 por Raifran das Neves, vulgo " fogoió ", a mando de Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida.

Quando ouvimos que as grandes empresas que atuam no estado, seja na área de mineração seja do agro-negócio, incluído madeireiras, mantêm relações promíscuas com políticos locais, fazendo doações milionárias para campanhas eleitorais em troca de favores imediatos ou futuros, dentre os quais a omissão quanto às fraudes na emissão de licenças para a extração e transporte ilegais de madeiras, não é de espantar que os americanos continuem avaliando o Pará como uma terra sem  lei. Não é o velho oeste, é o velho Pará.

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